JOSÉ GIACOIA NETO
Engenheiro Agrícola,
M.Sc. em Irrigação e Drenagem (UFV)
MBA em Gestão Comercial (FGV)
Gerente Internacional de Negócios Américas, Rain Bird Intl.
PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM E IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE IRRIGAÇÃO PARA PAISAGISMO E GRAMADOS
PARTE III
2 – Escavação e reaterro. Cont.
Falamos em nosso último artigo sobre escavação. Nesta continuação iremos completar esta parte também com o “fechamento” ou reaterro das valetas.
Antes do assentamento da tubulação temos que verificar a uniformidade do fundo da vala e a presença de materiais pontiagudos que podem iniciar um processo de ruptura futura da tubulação. Ou ainda termos espaços vazios que futuramente podem gerar movimento e mudança da uniformidade da superfície do solo.
Fig. 1 – A importância do fundo desnivelado.
É recomendação dos fabricantes que se faça um berço ou cama de areia para assentar tubulações em solos que apresentam cascalho, matacões ou impurezas capazes de danificar os tubos;
O reaterro de valas é uma etapa extremamente importante e muitas vezes não é dada a devida atenção por alguns instaladores.
Um reaterro de valas bem feito deixa a superfície nivelada e sem vestígios de onde foi instalada a rede hidráulica.
Basicamente temos duas situações: Reaterro de valas em solo ainda sem grama ou reaterro de valas em jardins já existentes.
Em ambas situações o reaterro deve ser feito com o solo do local e na mesma sequência que foi retirado.
A única exceção é quando o solo possui presença de rochas e pedras. Nesta situação o ideal é iniciar o reaterro com solo peneirado ou areia até cobrir a tubulação e por diante colocar o solo natural.
Onde temos já temos o gramado. Temos que fazer a retirada de grama com cuidado e pôr em separado. Os primeiros 10 centímetros de escavação devem ser também reservados pois é o onde temos mais concentração de matéria orgânica. No momento do reaterro temos que recolocar na mesma ordem para manter uniformidade de ambiente do desenvolvimento da grama.
Fig. 2 – Utilização de lonas para colocar o material da vala. Ao lado esquerdo temos o material da primeira camada rico em matéria orgânica e a esquerda o solo natural mais profundo.
Outro ponto importante é o horário do dia que vamos fechar as valetas. Quando estamos abrindo e fechando ao mesmo tempo não temos problemas com horários. Mas quando deixamos a valas abertas e fazemos a montagem hidráulica durante o dia o ideal é que se faça o reaterro em horários de menor temperatura. As tubulações de qualquer material possuem coeficiente de dilatação e se são tapadas em horários de elevada temperatura temos a tubulação no máximo de sua dilatação e quanto tampamos a vala o resfriamento leva a uma contração que podem em alguns casos até mesmo soltar conexões.
Por esta mesma razão é que se recomenda instalar a tubulação em “S”
Fig. 3 – Tubulação em “S” dentro de uma vala. Ajuste nas contrações e dilatações (temperatura) e reduz avarias nas juntas e conexões no reaterro.
Em grandes instalações e onde temos linha principal com diâmetros acima de 75 mm antes do reaterro completo das valas, deve-se verificar a estanqueidade da rede hidráulica, de preferência entre as conexões e a cada 200 metros de tubulação livre;
Lembrar de ancorar com solo, em intervalos iguais, as tubulações das redes antes de pressurizar a rede;
Só após a conclusão dos testes de estanqueidade, deve-se proceder ao reaterro completo das valas;
Lembre o cliente ou paisagista que poderá haver a necessidade da reposição de terra, para o nivelamento das valas, após chuvas ou após o início da irrigação.Fig. 4 – Adição de solo para ancorar tubulação no momento de testes de estanqueidade.
Quando possível, molhe o solo à medida que ele vai sendo reposto na vala, isso facilita o preenchimento dos espaços entre os tubos e dutos elétricos.
Solos mais argilosos sofrem maior compactação que solos mais arenosos e estão, portanto, mais sujeitos à variação de volume.Fig. 5 – Detalhe de reaterro utilizando areia para envolver a tubulação.
Fig. 6 – Sob pistas de rolamento ou calçadas, recomenda-se o envelopamento da tubulação de água e eletrodutos, antes do reaterro final das valetas.
3 – Obras Civis de comunicação entre áreas
Em obras de irrigação paisagística e gramados esportivos temos sempre uma interface com as obras civis.
A construção de pisos, passagens, caminhos e outros necessitam de serem observadas. O ideal é sempre enviar um mapa para a instalação de tubos camisa entre as passagens entre pisos e até mesmo vias de acesso. Tubo camisa, geralmente, é um tubo de diâmetro superior ao da irrigação onde podemos passar rede elétrica e hidráulica para fazer conexão e comunicação entre áreas de irrigação de um projeto.
Em uma construção de um condomínio o ideal é termos este projeto já enviado a obra para que se possa viabilizar a futura instalação do sistema de irrigação a qualquer momento futuro sem a necessidade de rompimento de pisos e outros.Fig. 7 – Exemplo de projeto de travessias indicando o diâmetro do tubo camisa para viabilização futura da irrigação.
Nesse esquema, observamos a área construída (em cinza) e a área de jardim (em verde). As linhas tracejadas indicam os locais onde travessias são necessárias para a passagem da tubulação de água e eletrodutos, na implantação do sistema de irrigação automatizado. Como regra, é usado tubo de PVC branco da linha sanitária nos diâmetros indicados.
Quando já temos a construção concluída é mais difícil e temos que ter gente com experiência para verificar a melhor maneira de fazer as comunicações e passagem com o mínimo de interferência possível e menor quantidade de recomposição de pisos e paredes.
Gostaria de fazer um agradecimento aos amigos e companheiros de longa data da Rain Bird Brasil que sistematicamente contribuem sempre com imagens, desenhos e experiência para nossos treinamentos: Fernando Mantoanelli, Daniel Azevedo, Frederico Maia Haun e Marcelo Zlochevsky.
Próximo: Procedimentos de montagem parte IV.